Mais do que os
nomes de Dilma e Aécio, o que esteve em jogo nessas eleições foi um projeto de
Brasil. No embate, digladiaram-se a parte dos que queriam mudança sem risco e a
dos que queriam mudança a todo custo. A palavra “mudança” permeou o debate das
eleições na esteira das manifestações de junho de 2013. Entretanto, do modo
como foram apresentadas nos planos de governo, no horário eleitoral gratuito,
nos debates televisivos, nas mídias sociais, as “mudanças” pareceram aos
eleitores uma coisa muita difusa e pouco objetiva. Tanto é assim, que venceu o
pleito a campanha que convenceu os eleitores de que melhoria é mudança, de que
avanço é mudança, de que ampliação é mudança, de que tocar pra frente é
mudança. Ou seja, que se pode fazer mudança no continuísmo das grandes
políticas públicas.
Particularmente,
defendi e apoiei a candidatura vitoriosa de Dilma Roussef com mais entusiasmo
do que o fiz em 2010. Em sua primeira eleição, votei em Dilma por causa do
Lula, por causa do PT, por causa da esquerda. Agora, não! Votei em Dilma por
ela mesma. Pela grande surpresa que foi como administradora do legado da
transformação do país. Somente quem não quer ver há de negar o quanto o país mudou
e está transformando para melhor a vida das pessoas mais simples.
A vida tem grid de largada. Cada indivíduo começa
sua caminhada de um determinado ponto do progresso social. Mas no Brasil, era
enorme a quantidade daqueles que ficavam na rabeira, sem nenhuma chance de
participar desta corrida, desanimados com a própria sorte e crentes num
determinismo perverso. Gerações de brasileiros estavam sujeitas ao conformismo
e à reprodução da grande injustiça que é a falta de oportunidade.
Quando olho
para este país de duas décadas para cá, o que vejo é uma impressionante
transformação. Há uma política de ações
afirmativas que, em pouco tempo, fez superar a discriminação e a exclusão de
milhões de brasileiros que de outro modo não teriam acesso à educação, à saúde,
ao emprego, aos bens materiais, à proteção social ou ao reconhecimento
cultural.
A presidenta
Dilma venceu as eleições porque se apresentou como a mudança segura para a
maioria dos eleitores. Não se elegeu como a menos pior. Ao contrário. Esta foi
uma eleição onde se apresentaram grandes nomes da diversidade ideológica da
política nacional. Também o Brasil não sai divido, como insistem alguns, destas
eleições. Penso que a disputa entre os projetos de Brasil travada no primeiro e
reafirmada no segundo turno aponta eixos bem marcados que, infelizmente não
foram muito discutidos em razão do formato da campanha.
De toda sorte, esses eixos estão amarrados por uma questão comum que considero
a base de toda ação a partir de agora: a reforma política. A reforma das
instituições políticas resume não apenas o anseio dos brasileiros todos, mas a
condição para que possamos continuar avançando.
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