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sábado, 8 de outubro de 2016

É HORA DE DESCER DO PALANQUE


No futuro, quando relatarmos como os candidatos a cargo eletivo “pediam” o nosso voto coercitivamente – sim, porque o voto era obrigatório! – gritando, durante o chamado período eleitoral, seu nome e número ao som de um jingle mal enjambrado de rimas previsíveis e com autorização da justiça eleitoral para nos amolar diuturnamente, todos os dias, não acreditarão. Esse é um resumo do que foi mais uma campanha eleitoral local, apesar de que eu ouvira uma musiquinha que pedia a Itaperuna e região que votasse num determinado candidato a prefeito. Aliás, nem vou comentar as peças de marketing dos candidatos, pois eles vêm se superando nos equívocos e no mau gosto ano a ano. Falta criatividade e sobra mesmice.
Num quesito essas eleições apresentaram inovação e quebra da tradição. Os candidatos desta feita esconderam seus padrinhos políticos da planície à colina. E por mais que entre as candidaturas que polarizaram se tenha buscado colar uns nos outros a imagem dos respectivos caciques, não colou. Teve candidatura gravando em Brasília vídeo apelativo: investimento inútil.
Dei-me ao luxo de ler “Proposta de Governo” (http://prefeito2016.com/candidatos-a-prefeito-2016/itaperuna-rj/) – feita para que ninguém leia; se ler, não entenda; se entender, faça cara de paisagem. O plano de governo é requisito para o registro da candidatura, mas não há previsão legal sobre o não cumprimento dessas promessas escritas pelas candidaturas a prefeito e vice. Teriam o condão de gerar, ao menos, uma pena moral. Mas quem está preocupado com isso?!
Biri-biribá, paremos de brincar! É hora de descer do palanque. A campanha acabou; o prefeito eleito já pode jogar fora sua Proposta de Governo e adotar um projeto real e possível que está mais ou menos desenhado no plano apresentado pelo candidato da REDE Theigo Ladeira. Ou continuar fingindo que fará política pública: formando, ao velho jeito, a maioria na câmara de vereadores; maquiando programas federais e estaduais mal implementados no município; lidando com o orçamento como se fosse uma peleja; fazendo um favorzinho aqui, ali, acolá e alhures; cumprindo compromissos com os financiadores e apoiadores da candidatura (o tal do clientelismo); vingando-se de uns opositores; e cuidando de não quebrar o establishment a fim de manter a ordem social. Isto é: renovando tudo; a fim de que nada mude e nem deixe de ser o que sempre foi.
Já “eu do meu lado aprendendo a ser louco” continuo convencido de que a educação é a porta de saída. As transformações sociais só podem efetivamente se dar se houver por base a formação educacional. Os governos, em todas as esferas, contam com instrumentos de avaliação que geram índices capazes de desenhar os resultados do que estamos fazendo pela Escola. Um dos mais robustos medidores da qualidade da educação é o Ideb. O índice, referente às amostras de 2015, acaba de ser disponibilizado pelo MEC no sítio: http://ideb.inep.gov.br/.
Fiz um estudo muito breve da situação das escolas municipais de Itaperuna. Acredito que a SEMED também tenha se debruçado sobre os resultados. Quero apenas colaborar com mais um olhar.
Nossos aluninhos dos ANOS INICIAIS têm respondido bem aos esforços de professores e gestores. Das 15 unidades escolares que fizeram a Prova Brasil, 100% melhoraram ou mantiveram os resultados. Aliás, 1/4 das escolas bateram a meta: EM CIEP BRIZOLÃO 467 HENRIETT AMADO; EM CÓRREGO DA CHICA; EM OSCAR JERÔNIMO DA SILVA e EM SÍTIO SÃO BENEDITO.
Já nos ANOS FINAIS a situação é de atenção. Das 6 escolas cujos 9º anos fizeram a Prova, apenas 50% melhoraram os resultados e 1/3 atingiram a meta. Parabéns! EM ÁGUAS CLARAS e EM CIEP BRIZOLÃO 467 HENRIETT AMADO que, diga-se, sempre alcançaram os objetivos deste nível de ensino.
O espaço está acabando, mas preciso dizer ainda mais duas coisas:
1-   Quanto aos ANOS FINAIS deste Ideb: as escolas da rede estadual de Itaperuna atingiram a meta de 5,0. Mas as municipais, que tinham meta de 5,7, somente chegaram até 4,8; e
2-   Chama atenção a taxa de sucesso das escolas que funcionam com apenas um ciclo de ensino. Todas as que oferecem apenas os ANOS INICIAIS melhoraram.

Algumas pesquisam apontam que as escolas de segmento único têm rendimento até 22% superior às demais. Além disso, países de referência em educação como Coreia do Sul, Cingapura, Alemanha e Inglaterra adotam o modelo de unidades com ciclo único. Aqui no Brasil todos sabem que as escolas com duas ou três etapas e turnos têm apenas o significado de gastar menos em infraestrutura, equipamento e gestão. Já que os candidatos a prefeito falaram durante a campanha em educação de período integral, o que se elegeu poderia começar por especializar as escolas e profissionalizar sua gestão por segmento. Não é nada não é nada, é um bom começo; mostra que de fato a intenção é mudar para melhor.

PUBLICADO NA OFF-OUTUBRO/2016