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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Taí a Mutação da Evolução


Só acredito em sorte de quem trabalha, pois o acaso é apenas uma impertinência filosófica. O resultado da XIII Agrogincana do CIE é a constatação da tese de que o planejamento estratégico, aliado à força da execução, é decisivo para os resultados. Além do mais, esta gincana nos trouxe um novo olhar sobre a questão da competição.

Gosto de pensar a vida como um jogo dramático, um roteiro teatral onde cada pessoa precisa desempenhar sua função, sob pena de pagar um preço muitas vezes alto pela incúria. Se alguém, pelas mais diversas razões não joga bem ou não cumpre o seu papel, o jogo não se acaba, mas o roteiro será refeito quantas vezes forem necessárias para a manutenção do contrato, isto é, ninguém teria, sozinho, força para finalizar prematuramente os projetos de um grupo. O show não pode parar.

Antes e durante esta gincana, as teses de Maquiavel me perseguiram desafiando minha inteligência e meu entendimento. Os conceitos de virtù e fortuna importunaram o meu sono por dias. Desde o sorteio das equipes da gincana me deparei com um pensamento novo: não fiquei desejando estar numa ou noutra equipe, nem que estivessem comigo estes ou aqueles professores e alunos. Quando o meu nome foi sorteado para a equipe 2, pensei imediatamente: é esta! é nesta equipe que estou e pronto. É aqui que vou trabalhar! Naquele momento senti a virtú, a energia dirigida para um objetivo. Porque não acredito em sorte, ou fortuna; entendi que a equipe 1, a 2 ou a 3 são iguais em riqueza de oportunidade, em desafios, em peleja. Mas o senso de oportunidade, o planejamento estratégico, a determinação é que podem garantir o êxito. Aliás, o sucesso nem sempre está no mais alto do pódio. Explico: quando um aluno (isto vale para o professor, para o gestor) não acerta uma resposta ou não evita um gol decisivo, mas fez o melhor de si, então este é o resultado. À superação dos nossos próprios limites é que chamamos sucesso invariavelmente definitivo e irreversível; aos limites dos outros é a fama, sempre passageira e fugaz. Estou falando isso para citar um único aluno de toda essa festa que foi a nossa gincana e, ao proclamá-lo uma espécie de exemplo da nossa maturação, homenageio a todos e a todas que deram o melhor de si. Trata-se do Edson Barbosa. Quem já o conhece há 2 ou 3 anos sabe o que significou para ele ter representado sua equipe numa tarefa em que se tinha de responder publicamente perguntas sobre a revolução cubana. Mas quem é da Equipe 2 testemunhou o Edson aceitando o desafio enjeitado e/ou abandonado no meio do caminho por alunos mais famosos. No quadro de professores e gestores, o CIE de Itaperuna conta com várias guerreiras. Aqui quero destacar a professora Fátima Goulart pelo sangue, pelo suor e pelas lágrimas de apreensão e de alegria que derramou antes, durante e depois da grande festa.

Definitivamente não há como, a cada ano, evitar que a nossa gincana se transforme numa grande superprodução de trabalho, de criatividade, de despojamento e de resultado. Há coisas que são mesmo inexoráveis... e aí, inclua-se a questão do financiamento das equipes, um assunto palpitante que teremos de discutir para fazer avançar a organização da agrogincana e dar equidade à disputa.

Acredito que esta gincana foi a do PLANEJAMENTO. Não estou falando da tentativa de adivinhar o que seria pedido, por exemplo, nas tarefas relâmpago. Refiro-me a se preparar bem, a criar todas as condições para realizá-las e a uma postura que, desde o início, os professores parece terem combinado: “A gincana é dos alunos, portanto são eles que a realizam.” Planejar não é estabelecer um roteiro imutável a ser seguido a ferro e fogo, mas engendrar diretrizes que permitam incitar a criatividade, aceitar o improviso e, claro, delegar responsabilidade.

Antecipar resultados é sempre uma temeridade. Mas, se a equipe “Evolução” não foi o maior sucesso desta agrogincana, então de nada terá valido a definição da missão da equipe; a análise da situação; a formulação dos objetivos; a criação das estratégias; a implementação do planejamento; o feedback e o controle. Entretanto, a esta hora, tudo isso já será história que contaremos, a partir de hoje, pelos próximos anos.

Esta XIII Agrogincana não foi apenas a melhor porque está mais próxima de nós. Foi muito melhor, pois estabeleceu um marco na construção da comunidade escolar: aprimoramos o sentimento de solidariedade exercitando o despojamento (não estamos falando de compaixão apenas, mas de justiça); vencemos a competição contra a disputa mesquinha (Não era um troféu de primeiro lugar o objetivo que moveu cada equipe) e demos um definitivo passo rumo à maturidade social (o respeito, a fraternidade, o cuidado para além das alfândegas de cada grupo). Todas as equipes são vencedoras neste evento, porque mesmo não tendo “ganhado” esta ou aquela tarefa, elas se superaram a si mesmas dando o melhor de si. E se fizemos mesmo isso, a Educação, mais uma vez, cumpriu o seu papel, a sua missão: fazer evoluir.


Texto de Avaliação da XIII Agrogincana do Centro Interescolar de Agropecuária de Itaperuna escrito antes da proclamação do resultado da gincana.

Professor Zeluiz

Equipe 2 - EVOLUÇÃO