SEJA BEM-VINDO

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Périplo gastronômico

Estamos imbricados entre as cozinhas mineira e capixaba, talvez isso explique nossa culinária mais saborosa do que original. O melhor é que os cozidos não ficam mais escondidos nas casas saboreados apenas pelas famílias. Nosso povo adora espalhar uma receita. Além disso, a vida moderna tornou o fast food comedouros humanos razoavelmente civilizados e fez da cozinha das casas espaços puramente cenográficos.
Se há uma coisa da qual Itaperuna não nos envergonha é a gastronomia e os serviços de restaurantes. Nossas oportunidades de comer bem na cidade são muitas e variadas. Vale a pena um périplo gastronômico como o que faço de segunda a sexta, às vezes sábado também. Resolvi que poderia ajudar quem não conhece o circuito a ser um bom anfitrião dos visitantes sem nos obrigar a acender fogão.
Tenho uma predileção pelo restaurante MAX, que é um lugar calmo de gente fina, elegante e sincera. Às terças, sextas e sábados serve uma indefectível macarronese que não conseguimos fazer igual em casa. As saladas têm alho poró como em nenhum outro lugar. A carne de porco parece ter sido cozida num forno celeste de tão boa que fica.
Quando escolho o DONA MYRTES, desfruto de um espaço amplo, limpo, confortável e bom como o atendimento. O cardápio garante em alguns dias da semana uma carne seca inusitada para se comer rezando. O peixe nos espera todos os dias frito e/ou ao molho. Mas é nas carnes que o lugar esnoba novidades que nem vou comentar. Não há tempo nem espaço para tanto.
O restaurante da ASSIS RIBEIRO rima barulhento com suculento num espaço meio apertado e cheio de calor humano. Sempre tem um chouriço que é único na cidade. O peixe frito, empanado à doré, merece uma investigação: não sei como fica tão delicado e firme. A casa abusa um pouco do sódio. Para compensar isso oferece uma variedade grande de hortaliças e frutas quase in natura para temperarmos a gosto. Esse é o circuito mais popular e preferido.
Quando se quer comer um churrasco, por exemplo, há opções que vão de uma ponta a outra de Itaperuna passando, no centro, pelo D’GUST que tem um lavabo dos mais refinados. O ponto da banana frita é único e a apresentação do arroz integral supimpa. O FOGÃO À LENHA tem uma proposta bem específica, que é encantar o cliente com iguarias mais caseiras e fumegantes que, confesso, são irresistíveis. Destaque para o angu frito sem similar, o frango com quiabo e a costelinha de porco à barbecue. O serviço de carnes é sem defeito. Já o ALBINOS, mais cosmopolita, inicia sua mesa pelos empadões, escondidos e lasanhas pelos quais passo batido; mas não resisto catar uns embutidos da feijoada e o feijão tropeiro de primeira. Ao final, é nas saladas multivariadas que me acabo enquanto reparo a fila de gente sorridente na churrascaria.
Claro que Itaperuna tem outros restaurantes muito bons. O que contei aqui é apenas o meu itinerário de melhor custo-benefício. Como sou, então, cliente, acho que posso finalmente passar um pito em todos eles. Nossa comunidade precisa descobrir as infinitas possibilidades do aipim. Infelizmente ele é muito pouco apresentado aos distintos consumidores. É hora de superar a mandioca com torresmo por mais variações. Afinal, nossos índios guaranis deram o nome de MANI-OCA à raiz de aipim para dizer que a deusa benfazeja se transformava em alimento para sustentar todo o povo. Convenhamos, se os ingleses conseguiram fazer que sua (na verdade, o tubérculo é andino, mas pirata é pirata) batata conquistasse o mundo inteiro, imagine se tivessem a macaxeira que é muitas vezes mais saborosa, nutritiva, digestível e ainda vem embrulhada duas vezes!

 Publicado na OFF - maio/2015

3 comentários:

Jaqueline Verdam disse...

Adorei as dicas sobre todos os lugares pelos quais também passo, mas nem sempre tenho um olhar tão perspicaz assim.

A dica da mandioca também foi certeira. Eu tenho trazido de fora uma goma pronta para tapioca com a qual me delicio.

Se você tiver interesse....rrs

Professor Zeluiz disse...

Jaque, você tem receitas para usar a goma de aipim? Eu me interesso sim.
Um abraço.

Jaqueline Verdam disse...

Zé, a goma nós utilizamos em tapiocas. O que varia são os recheios, doces ou salgados.