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domingo, 15 de dezembro de 2013

Cuidem-se bem

                                     “Perigos há por toda a parte e é bem delicado viver de uma forma ou de outra”
                                                                                                                                  Guilherme Arantes


Já vem dezembro, cheio de consequências.
É assim que vejo o final de cada ano com seus balanços e cobranças. É que se promete muito nas eleições, nas horas de sufoco – queria escrever cagaço, mas tem sempre os que não gostam desse palavreado - e de remorso. Parece que a gente promete a fim de ter força pra sonhar. Nesse sentido, a promessa é sempre pra nós mesmos, enquanto para o outro é só um contrato, unilateral e sem assinatura.
Já foi dito que a vida da gente é uma promessa. Talvez! Reconheço que estamos rodeados do que em Paulo Freire chamaríamos de o INÉDITO VIÁVEL: nossas utopias, que assim o são porque não foram ainda realizadas.
De todo modo, dezembro – queiramos ou não – marca a hora da visita do cobrador, que não é algum estranho a nos pressionar. É nossa intimidade mais profunda que chamam de consciência, outros de o “eu”, há os que prefiram alma ou espírito. Não importa muito aqui as nomenclaturas cheias de ideologia. Todos sentem quando não é mais possível deixar pra depois, quando é chegada a hora da verdade, do confronto com o espelho, da queda no buraco do coelho (É preciso ler a obra prima de Lewis Carroll - Alice no país das maravilhas – para compreender bem isso.).
Tudo foi um preâmbulo para compartilhar a notícia de que Itaperuna tem mais de 85 pontos de risco iminente de deslizamento, segundo relatório anual do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro. Pior: a situação de nossas encostas é grave mesmo em condições de chuvas normais. Como as chuvas não estão esperando o dezembro chegar (hoje é dia 29/11), as águas sempre generosas do verão podem encontrar o solo já encharcado, e o Muriaé com ânsia de vômito também por tanta porcaria que jogam dentro dele; pelo contínuo aterramento de suas margens; pelas motosserras que continuam a cortar as árvores ribeirinhas sem piedade lá em Retiro do Muriaé e ao longo da serpente ora mansa. Essa é uma mistura cujas consequências nossa população conhece bastante bem. Poderíamos perguntar o que foi e/ou está sendo feito no campo do contra ataque, já que não se cuida mesmo de uma política de defesa. Mas não quero aqui embaraçar as autoridades locais, pondo mais um cobrador em seu encalço.
Prefiro, antes, sem prejuízo da cobrança que faço aos gestores municipais, divulgar para a população essas áreas de risco no município. As mais perigosas estão no bairro Surubi nas ruas Dalca Lobo, nº 16, 70, 48, 41, 49 e 207, José Vergílio nº 201, 191, 171, 82, 83, 64 e 143 e Travessa Martins s/n; em Comendador Venâncio na rua Francisco G. Bastos nº 30, 26, 21 e 22; no Guaritá na rua Jair Silva de Souza nº 30, 20 e 175; no bairro Niterói na rua Lucas Moreira Bastos nº 544, 538, 532, 514, 462 e 460. Você pode conferir o mapa do perigo na “Cartografia de Risco Iminente a Escorregamentos em Encostas”, um documento que se pode baixar em:
http://www.drm.rj.gov.br/index.php/downloads/category/24-contedo-carta-de-risco.
Não pense o leitor que o risco está somente nas áreas onde se paga menos IPTU. No centro da cidade e em áreas mais nobres também há perigos.
A razão dessa crônica não é criar uma situação de alarme; mas de atenção e cuidado. Diria Toquinho que “são demais os perigos desta vida”. A gente corre o risco da volta da censura, como parece querer o pessoal do “Procure saber”, capitaneados por Roberto – o rei há muito nu. Somos bombardeados por falsas polêmicas como as propinas recebidas do cartel dos trens por políticos do PSDB – como se isso fosse improvável; pelos enlatadinhos de sempre com nomes estrangeiros como Big Brother, The Voice, mais falsos que uma nota de R$3,00; com os manifestantes profissionais contratados pelo partido de Garotinho para depredar o patrimônio público, e o particular, na capital carioca. Mas a gente, a la Gonzaguinha, não se entrega não.
Preocupo-me mais com a vida das pessoas comuns cujas biografias não se cuidam nem antes e menos ainda depois... de soterradas.

Publicado na Estilo OFF - dezembro/2013