De um jeito ou de outro, dezembro sempre
traz para as pessoas uma sensação de balanço. Na prática, são as partidas dobradas
de todos os anos com uma coisinha ali e outra acolá. A contabilidade, quase
sempre, do nosso ponto de vista, é injusta. É que cada um sempre acredita
merecer mais do que tem. Digo isso porque, nesses meus cinquenta e alguns anos,
conheço pouca gente capaz de confessar-se muito satisfeita com seus ganhos e
com o que acumulou.
No final do ano, essas reflexões vêm com
mais força. Não por que tenhamos muito tempo para elas; ao contrário, é por
causa da emergência de tantas contas a fechar. Muita gente olha para trás e se
desespera com toda aquela lista de promessas não cumpridas que fez na virada do
ano passado. É, pra muitos, desalentador.
Por falar em promessas não cumpridas,
também os governos – é de praxe – costumam aproveitar a comoção
natal-ano-novina, quando a racionalidade social hiberna um pouco, para fazer
seus balanços. Sobretudo em ano eleitoral, o balanço aqui quer dizer uma
sacudida para desgarrar uns e agregar outros sob o pomposo nome de reforma.
Parece que estamos vivendo uma dessas
arrumações na administração do município. Não é a primeira vez que vemos uma
dança das cadeiras e de DAS neste curto governo. Mas agora, com muito mais
determinação, uma canetada exonerou na saúde, na agricultura, na administração,
na cultura, no gabinete e não sei mais aonde vai parar.
Reformas administrativas são sempre
bem-vindas. Elas em geral são concebidas para melhorar o desempenho do serviço,
para renovar objetivos, para alcançar metas de desempenho. É normal que ocorram
reformas, tanto nas empresas privadas quanto no serviço público. Nesse caso, o
que não me parece normal é o diabo de uma coincidência: os exonerados não
colocaram o santinho plástico do então candidato a deputado estadual da
preferência do prefeito de Itaperuna. Ora, todo mundo na cidade sabe que os
servidores públicos foram pressionados para aderir a certas candidaturas.
“Convites” foram feitos a todas as secretarias; reuniões de alinhamento do voto
promovidas, com insistência, ao arrepio da justiça eleitoral. Mas, se até os
servidores que são públicos, e não serviçais deste ou daquele governo, sofrem
esse tipo de pressão, imagine os ocupantes de cargos de livre nomeação.
Não há espaço aqui para comentar cada
canetada do deputado eleito, digo, do prefeito. Por isso, urge tentar entender
o rearranjo na Educação: cai a secretária e a pasta é dividida em três:
administração, recursos humanos, e pedagógica. Caramba, tudo de bom, parece! Ainda
mais pela competência reconhecida das professoras Joselene e Fabiana.
Ledo engano, do qual as subsecretárias –
vamos chamar assim – nem sabem que estão participando. Sob a música de
interesses privados e particulares fez-se a dança das cadeiras. Na verdade, a
reforma é “denorex”. A canetada feita na pasta do segundo maior orçamento do
município irá se completar, até a virada do ano, com a nomeação de uma
supersecretária cujo nome, ganha um doce, quem disser que não sabe.
Nesse momento em que a sociedade discute
reforma política, é bom informar ao distinto eleitor que o financiamento
público das campanhas sempre existiu. É durante o mandato que se vai juntando a
mala de dinheiro que compra os apoios eleitorais e os votos.
Publicado OFF - dezembro/2014
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