Estou de férias da escola, mas não das pessoas e das coisas. Acabo de chegar de Santos - belíssima cidade paulista - onde passei o Ano Novo entre velhos e novos amigos. Santos está uma beleza: as praias maravilhosas; os pontos turísticos bem cuidados; o patrimônio histórico preservado; a população hospitaleira e os bares... ah, os bares! O prefeito Papa, reeleito com 77% dos votos, foi aprovado e vai poder dar continuidade a uma administração de sucesso.

Nossos “maus alunos” (alunos considerados sem futuro) nunca chegam sozinhos à escola. É uma cebola que entra na sala de aula: algumas camadas de desgosto, medo, preocupação, rancor, raiva, vontades não satisfeitas, renúncias furiosas, acumuladas no fundo de um passado vergonhoso, um presente ameaçador, um futuro condenado. Olhe como eles chegam, seus corpos em formação e suas famílias dentro das mochilas. A aula não pode verdadeiramente começar antes que o fardo seja depositado no chão e que a cebola seja descascada. Isso é difícil de explicar, mas um só olhar às vezes é suficiente, uma frase de simpatia, uma palavra de adulto confiante, clara e estável, para dissolver as tristezas, tornar mais leves esses espíritos, instalá-los num presente rigorosamente indicativo.
O livro custa apenas R$ 29,90. Coisa de mais ou menos 10 cervejas que, sei, você deve já ter bebido nessas férias. Eu, já!
3 comentários:
Ola!
Sua crônica ficou espetacular, de muito bom gosto.
Tb estamos com muita saudade, com certeza foi um fim de ano inesquecível
Beijo grande!
Josy e Eraldo.
Caro Zé,
Às vezes penso que “engano” bem como professor porque fui um péssimo aluno. Tomei muito “cock” na cabeça por causa de gramática e tabuada, talvez seja esse o motivo de eu estar sempre enchendo o saco para revisar meus textos.
Daniel Pennac também teve este problema no início do ensino fundamental. Não li nada dele ainda, mas, por identificação, me lembrei de sua entrevista, recentemente, no “O Globo”.
Quanto aos 10 a zero em comentários, você está certo, comento muito pouco, mas estou me esforçando.
Um abraço amigo
Fernandão
Olha, Fernandão, não acredito sinceramente que sejam bons professores quem não teve problemas quando aluno e, sobretudo, se não se lembrar deles. Creio ser exatamente a recordação - trazer de volta ao coração - das dificuldades e das facilidades em relação aos conteúdos é que orienta nossa prática pedagógica e nos faz capazes de ajudar o menino e a menina a saírem da alienação.
Forte abraço pra você.
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