O ano que começará depois do carnaval promete muitas
emoções. Além do mais, teremos os XXXI Jogos Olímpicos de Verão no Rio de
Janeiro – as primeiras olimpíadas na América do Sul. Por conta disso, o período
letivo iniciado em 1 de fevereiro, com promessa de terminar em 23 de dezembro
(200 dias), terá um intervalo, em agosto, de 28 dias, coisa que não acontecia
desde os meus tempos de criança.
A oposição promete continuar tentando o impedimento
da presidenta Dilma até o último dia, ou fazendo-a sangrar até lá, conforme
desejo do senador Aloysio – candidato a vice na chapa derrotada de Aécio Neves.
Do lado do governo, a ordem é enfrentar os
percalços da crise econômica mundial dando respostas contundentes ao mau
momento político por que passa o Brasil. E é nessa parte, creio, onde moram as
maiores emoções do ano, pois pelo menos dois assuntos da pauta econômica
dominarão os debates e bate bocas da nação: a volta da CPMF (rebatizada CSS –
contribuição social para a saúde) e a reforma da previdência social. Com as
contas que não fecham, há uma tendência entre os governadores de apoiarem o
aumento de arrecadação. Ainda assim, muito se discutirá se a contribuição será
destinada somente à saúde ou também socorrerá a previdência, a outra grande
conta que não fecha ano após ano.
No Brasil mais colado na gente é carnaval.
Chama atenção o alto número de prefeituras que
propagandearam o cancelamento da folia momesca em favor da contenção de despesa.
Aliás, já diziam terem preterido a queima de fogos nos festejos da virada do
ano a fim de economizar uns trocados. Inauguraram-se uma consciência ecológica
e um inusitado “respeito aos animais”, que ficam muito assustados com o barulho
dos fogos, de causar inveja aos primeiros mundistas.
Os administradores municipais encontram eco, e
nadam de braçada, em discursos populares como os que tenho visto nas redes
sociais contra o “dinheiro queimado” com os shows musicopirotécnicos, contra o "dinheiro
jogado fora” com a realização das olimpíadas do Rio, contra o “absurdo do gasto
com o carnaval”.
Eu não aguento só ficar olhando tanto movimento
contra, tenho que dizer alguma coisa.
Há que se duvidar, na maioria absoluta dos casos,
de que a grana economizada na renúncia aos festejos, imposta à população, tenha
sido aplicada na saúde, como os prefeitos, ou seus porta-vozes, gostam de dizer
a fim de parecerem grandes administradores. Às vezes tão grandes quanto a falácia
e a desfaçatez.
Aqui em Itaperuna, não se tem problema algum com
isso. O prefeito não poderá dizer que cortou despesa com fogos, com shows, ou com
folia pois a atual administração nunca investiu nisso. O que não significa que
haja dinheiro para aplicar em saúde e educação. Em nosso município parece haver
numerário tão somente para pagar o serviço de limpeza que, mesmo assim, fica a
desejar em muitos logradouros.
E aí, a última grande comoção do ano: teremos
eleição municipal!
Em termos de escolhas, os itaperunenses não têm se
saído bem faz tempo. Ainda assim, eleições são sempre uma oportunidade de se discutir
a cidade que queremos. Apesar de que os candidatos apresentados aos eleitores
não tenham sido grande coisa, sempre criamos espaço para o debate de ideias e
soluções.
Tenho alguns palpites sobre evolução da política e
da gestão local que gosto de compartilhar. Penso que as câmaras de vereadores
deverão se transformar muito, se quiserem continuar existindo (Por mim já
poderiam ser fechadas. Isso sim é economia de verdade!). A sociedade, mesmo não
parecendo, evolui em nível de exigência. O administrador público, cada vez
mais, terá de fazer mais com menos. A sustentabilidade deverá sair do discurso
e ir definitivamente para a realidade de todas as cidades e cidadãos (o combate
ao aedes aegypti tem a chance de ser
emblemático nessa transformação). E os agrupamentos de interesse exercerão papel
sempre mais importante sobre o destino da cidade. Pra ficar somente em um
exemplo, chamo a atenção para o pessoal do pedal, grupo crescente de ciclistas
que se reúne para pedalar, se divertir, cuidar da saúde, conhecer o entorno,
fazer amigos e o bem. Se não permitirem políticos espertalhões na garupa, irão
longe!
Publicado na OFF - fevereiro/2016
5 comentários:
Parabéns!!!
Como sempre, muito claro e verdadeiro, mas gentil, incapaz de uma palavra grosseira.
Abração meu amigo inteligente.
Valeu, Sandra!
Parabéns pelo belo texto. Que tal publicar um livro? Tenho certeza de que tem muitos outros...tb gosto de escrever. Faço poesias. Saudações
Olá, Katia. Obrigado. Que bom você ter gostado. Sou um diletante; escrevo por escrever. Ainda não pensei em publicar. Pelo menos aqui, no blog, temos a sensação de que algumas pessoas nos leem. Mas fico imaginando um livro encalhado na livraria. rs rs rs . Melhor não. Tem um montão de escritores no mundo. Deixo isso para eles. Um grande abraço.
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