Muita gente já não sabe o que é um datilógrafo. Mas antes da invasão righ tech, ter o curso de datilografia era uma coisa moderna e quase uma condição para se entrar no mercado de trabalho. Estou iniciando essa primavera lembrando isso, porque escrevo usando um único dedo – o médio – para digitar letra por letra a bagaça que você lê agora na OFF de outubro. Todo datilógrafo que conheço tem orgulho inconfessável de sê-lo. É um sarro as pessoas verem a gente digitar sem olhar o teclado. E temos uma satisfação quase prepotente ao ver os outros procurando letras, ponto e espaços. Pois é, nem catar milho me é permitido agora, pois isso supõe que se use ao menos um dedo de cada mão. É que fui abalroado e derrubado de minha velha motoneta por um carro invadindo a preferencial bem na principal avenida da cidade. Tenho uma dúvida atroz: se nossa cidade não tem gestão do trânsito ou se ela é muito burra. Mas nosso papo não é sobre acidente de trânsito em Itaperuna – coisa pra lá de banal. É, sim, sobre incidente.
No velho e bom conceito latino, a palavra incidens nomeia um imprevisto. Também qualifica algo como secundário. Mas, como em linguística nada é por acaso, os parônimos guardam muita coisa em comum. Daí a confusão dos falantes trocando uma palavra pela outra. A ligação que procuro estabelecer é que, a meu juízo, nosso município tem tido governos incidentais. Pra ficar somente com os últimos, vejamos: os analistas políticos de plantão contam que o incidente das “malas do Caiçara” foi determinante para a virada eleitoral do Claudão. Isso porque o julgamento popular precede, e muito – põe muito aí! – aquele feito nos tribunais. Detalhe: o povo também costuma aceitar apelações e embargos infringentes. Mas esse é outro assunto. Segue o enterro. A administração Paulada – um acidente sem nada de original na política brasileira, que tem essas figuras fantasmagóricas dos vices e suplentes (uma gente que é eleita sem nenhum voto) – foi total e completamente incidental. É fato. Uma característica das administrações fulgazes e incompetentes é que somente são lembradas pelas mazelas; não há uma obrinha sequer para lhe encimar o epitáfio.
A esperança – com cara de estúpida – constrói-se pelo senso comum de que “após a tempestade, sempre vem a bonança”. Risível! Melhor: chorível é esse tempo de agora! A experiência de Alfredão – alguns irão dizer que é cedo demais para julgar! – é talvez a mais incidental da história de nossa velha Itaperuna. Porque cuida mal mesmo das coisas acessórias, não consegue nem apagar os pequenos incêndios do dia a dia. Fazer algo grande, nem pensar. Pelo menos o arrozinho com feijão bem feitinho; necas! A última trapalhada teve como palco o cemitério de Retiro de Muriaé. Abandonado como todos os outros. Mais do que isso: feito despejo de indigentes, nos últimos anos, esgotou-se.
Ao invés do pessoal do planejamento pedir uma consulta ao senhor Cláudio Goulart – prefeito nos anos 70 – que dotou nossa cidade da necrópole de São João Batista, preferiu uma solução improvisada pela estupidez administrativa sem neurônios arquitetônicos – que parece ser um defeito intrínseco da atual secretaria de obras. Os maganos mal intencionaram erguer um puxadinho vertical bem à frente da entrada do cemitério de Retiro, ao lado da capela mortuária, inclusive dificultando o acesso a ela. Você sabe como são essas gavetas e onde, sem projeto minimamente inteligente, vai parar o chorume, não sabe?! Ora, tanto mais para espíritas e católicos, um cemitério não é um depósito de cadáveres; ao contrário, chamam-no de campo santo, e visitam-no regularmente. Mais respeito, por favor! Não deu outra, a brava gente retirense estrilou e parece que a obra iniciada – com retirada dos paralelepípedos, fundação, erguimento de colunas – deve ser paralisada (dinheiro dos impostos jogado no ralo da má gestão da coisa pública). Eu não posso renegar o papel de insepulto de Antares para registrar mais essa pataquada da gerência municipal.
Outro dia recebi em minha caixa de e-mail um rico material que estou dando o nome de “dossiê Tito”. Não é algo inédito, mas não tinha visto os projetos juntinhos e apresentados com otimismo. O remetente enumera obras de infraestrutura que serão destinadas, já em 2014, a Itaperuna e região, tais como: Aeroporto Regional de Itaperuna; Ferrovia Transcontinental; Obras de Mitigação e Contenção das cheias do rio Muriaé; Obras do Contorno da BR 356 – que esperam apenas licença ambiental; Gasoduto Macaé/Ipatinga – passando pela terrinha; Projeto 2022 da FIRJAN Noroeste – com asfaltamento e duplicações. Segundo o documento, as obras federais e estaduais não preveem contrapartida financeira dos municípios. Entretanto, os gestores precisam desejá-las e colaborar com o planejamento logístico. Ai, meu Deus! Danou-se, a administração de nosso município não sabe o que é isso! Aqui, nada é planejado para curto, médio ou longo prazo. Tudo é incidental.
No velho e bom conceito latino, a palavra incidens nomeia um imprevisto. Também qualifica algo como secundário. Mas, como em linguística nada é por acaso, os parônimos guardam muita coisa em comum. Daí a confusão dos falantes trocando uma palavra pela outra. A ligação que procuro estabelecer é que, a meu juízo, nosso município tem tido governos incidentais. Pra ficar somente com os últimos, vejamos: os analistas políticos de plantão contam que o incidente das “malas do Caiçara” foi determinante para a virada eleitoral do Claudão. Isso porque o julgamento popular precede, e muito – põe muito aí! – aquele feito nos tribunais. Detalhe: o povo também costuma aceitar apelações e embargos infringentes. Mas esse é outro assunto. Segue o enterro. A administração Paulada – um acidente sem nada de original na política brasileira, que tem essas figuras fantasmagóricas dos vices e suplentes (uma gente que é eleita sem nenhum voto) – foi total e completamente incidental. É fato. Uma característica das administrações fulgazes e incompetentes é que somente são lembradas pelas mazelas; não há uma obrinha sequer para lhe encimar o epitáfio.
A esperança – com cara de estúpida – constrói-se pelo senso comum de que “após a tempestade, sempre vem a bonança”. Risível! Melhor: chorível é esse tempo de agora! A experiência de Alfredão – alguns irão dizer que é cedo demais para julgar! – é talvez a mais incidental da história de nossa velha Itaperuna. Porque cuida mal mesmo das coisas acessórias, não consegue nem apagar os pequenos incêndios do dia a dia. Fazer algo grande, nem pensar. Pelo menos o arrozinho com feijão bem feitinho; necas! A última trapalhada teve como palco o cemitério de Retiro de Muriaé. Abandonado como todos os outros. Mais do que isso: feito despejo de indigentes, nos últimos anos, esgotou-se.
Ao invés do pessoal do planejamento pedir uma consulta ao senhor Cláudio Goulart – prefeito nos anos 70 – que dotou nossa cidade da necrópole de São João Batista, preferiu uma solução improvisada pela estupidez administrativa sem neurônios arquitetônicos – que parece ser um defeito intrínseco da atual secretaria de obras. Os maganos mal intencionaram erguer um puxadinho vertical bem à frente da entrada do cemitério de Retiro, ao lado da capela mortuária, inclusive dificultando o acesso a ela. Você sabe como são essas gavetas e onde, sem projeto minimamente inteligente, vai parar o chorume, não sabe?! Ora, tanto mais para espíritas e católicos, um cemitério não é um depósito de cadáveres; ao contrário, chamam-no de campo santo, e visitam-no regularmente. Mais respeito, por favor! Não deu outra, a brava gente retirense estrilou e parece que a obra iniciada – com retirada dos paralelepípedos, fundação, erguimento de colunas – deve ser paralisada (dinheiro dos impostos jogado no ralo da má gestão da coisa pública). Eu não posso renegar o papel de insepulto de Antares para registrar mais essa pataquada da gerência municipal.
Outro dia recebi em minha caixa de e-mail um rico material que estou dando o nome de “dossiê Tito”. Não é algo inédito, mas não tinha visto os projetos juntinhos e apresentados com otimismo. O remetente enumera obras de infraestrutura que serão destinadas, já em 2014, a Itaperuna e região, tais como: Aeroporto Regional de Itaperuna; Ferrovia Transcontinental; Obras de Mitigação e Contenção das cheias do rio Muriaé; Obras do Contorno da BR 356 – que esperam apenas licença ambiental; Gasoduto Macaé/Ipatinga – passando pela terrinha; Projeto 2022 da FIRJAN Noroeste – com asfaltamento e duplicações. Segundo o documento, as obras federais e estaduais não preveem contrapartida financeira dos municípios. Entretanto, os gestores precisam desejá-las e colaborar com o planejamento logístico. Ai, meu Deus! Danou-se, a administração de nosso município não sabe o que é isso! Aqui, nada é planejado para curto, médio ou longo prazo. Tudo é incidental.
Publicado na OFF-outubro/2013
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