A
educação brasileira – definitivamente na agenda política – parece tomar rumos
em busca de melhoria dos resultados. Em se tratando da educação pública, a
olhos vistos é possível perceber que uma revolução mais ou menos silenciosa
está em curso. Todas as melhorias que se possam fazer em termos de políticas
públicas – algumas anunciadas com muito alarde – nada será percebido antes que
apareça para a opinião da sociedade. E é exatamente isso que começa a
acontecer. Dia desses um pai de origem humilde, por telefone, se dirigiu a uma das
diretoras da escola de seu filho cobrando certas atitudes no campo das ações
disciplinares. Insatisfeito com o desfecho do caso de seu filho, e à guisa de
retrucar a gestora, ponderou, como se jogasse na cara de um desafeto, que os
resultados daquela escola, no Ideb, não eram bons.
Isso
é um sinal: no mínimo, a média dos pais/responsáveis tem o conceito mais
aparente do que seja o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e o que ele
representa na avaliação de uma unidade de ensino.
Por
mais que alguns teóricos da educação tenham ojeriza às medidas educacionais
proporcionadas pelas avaliações externas, não podem negar que é avaliando que
se verifica a qualidade da educação. E quanto mais se avalia no percurso
educacional, mais próximos estamos de garantir qualidade do processo. De nada
adiantaria, ao final de um curso, verificar que o aluno não aprendeu. Aí, como
se diz no popular: “a vaca já foi pro brejo com corda e tudo”.
Acho
importante dizer que, a despeito dos sistemas de avaliação da educação se
constituir em instrumentos fundamentais no aprofundamento da reforma pela qual
estamos passando, eles não são consensuais. Há ameaças à continuidade dos
avanços que temos alcançado nesses últimos tempos. Há gente que é contra o Saeb,
a Prova Brasil, o Enad, o Enem, o Saerj, o Saerjinho e tudo o mais. Algumas
vezes são contra só pra contrariar.
Dia
desses, ocupei-me em ler a pauta de reivindicações do SEPE – o sindicato estadual
dos profissionais de educação do Rio de Janeiro. Fiquei impressionado com a
desfaçatez: sob o manto roto do igualitarismo, a direção do sindicato se põe
contra a certificação de professores
e de toda a política meritocrática da Seeduc (Secretaria de Estado de Educação
do Rio de Janeiro). Ultimamente temos visto no Brasil que o movimento sindical,
infelizmente, se partidarizou ao extremo e, tendo perdido o discurso das
grandes causas se agarrou ao das pequeninas, desimportantes e particulares. A
certificação pretendida pela secretaria é um moderno modelo de reconhecimento
das competências do professor. Daqueles que buscam se atualizar em metodologias
que melhoram a aprendizagem de seus discentes. É uma premiação ao profissional
que está sempre atualizado, que investe em sua carreira, que se destaca pelos
resultados de seu trabalho. Ao combater o programa de certificação, tenta-se
também minar a política de meritocracia que, em resumo, reconhece o talento e o
esforço individuais do profissional da educação e permite que ele progrida
tanto horizontal quanto verticalmente na carreira, sem prejuízo para as ações
coletivas de cada escola.
Estamos
agora no meio dessa batalha: de um lado, as forças do atraso alimentadas pela
ideologia do igualitarismo, do mesmismo e dos interesses político-partidários
que dominam hoje o sindicato dos professores - que outrora encabeçara tantas
lutas importantes para a categoria e também para a democratização do país. De
outro, a nova educação pública de qualidade e equidade, que presta contas à
sociedade dos resultados dos alunos, que faz processo seletivo para os cargos
estratégicos da gestão das escolas e da própria secretaria; que melhora as
condições de trabalho e a remuneração dos professores, que investe na melhoria
do ambiente das salas de aula e das demais dependências da unidade escolar; que
inaugura uma real cooperação entre as redes estadual e municipal; e que agora
quer certificar seus professores dando a eles, por seus próprios méritos – e
não por indicação política –, a oportunidade de praticamente triplicarem, em
três anos, os seus proventos e poderem levar esse ganho para a aposentadoria.
Não
é aceitável a posição defensiva do SEPE, mas ela é compreensível: o sindicato
entende que professores parados no tempo e no espaço, ideologizados pelo sonho
do igualitarismo – do tipo: _Não preciso fazer nada para melhorar, pois o que a
categoria ganhar TODOS ganharão. – são muito mais fáceis de manipular, pois a
compreensão que têm sobre remuneração é a de que deve ser a maior possível,
independentemente da utilidade que têm e do quanto são capazes de motivar e
ensinar os discentes sob a sua responsabilidade.
Essa
luta não é a história do bem contra o mal e nem a do mau contra o bom. Mas é necessária
a fim de retirar o Cavalo de Troia do igualitarismo de dentro da Educação. No endereço
eletrônico http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2013N38926 há
uma petição pública pela manutenção da MERITOCRACIA. Os que entenderem a luta e
estiverem dispostos a vencer irão até lá para exercer o direito de se
manifestar.
Publicado na Estilo OFF - maio/2013
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