Aprendi
com o velho Freud que a gente pode fazer tudo que quiser; mas é preciso saber o
que se está fazendo. Lembro isso, às vésperas de mais uma eleição municipal,
porque, sinceramente, acho que tem um montão de gente por aí que não tem ideia
do que está fazendo. Tanto entre candidatos (as), quanto no meio do povo.
Há
coisa de duas ou três semanas o governo federal divulgou o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb. Falando assim, no singular, pode
parecer que seja apenas um número. Não é! Trata-se de um calhamaço deles. Gente
que sabe o que está fazendo se debruça sobre eles sem pressa de acabar. Alguém
pode até dizer que isso só interessa a secretários de educação, diretores de
escolas e a alguns poucos professores. Errado! Isso tem a ver com toda a
sociedade. Na quarta edição dos resultados da Prova Brasil dá pra ver a
história da evolução ou involução da Educação que é oferecida ao povo deste
país e a fotografia pormenorizada do momento atual.
Separei os
resultados das escolas municipais de Itaperuna para prestar um serviço ao
leitor da OFF. Não quero dirigir sua leitura, mas não posso deixar passar em
branco uns entendimentos fundamentais revelados pelo Sistema de Avaliação da
Educação Básica – Saeb. Antes quero dizer que a Educação do Estado do Rio de
Janeiro, medida em suas redes – estadual e municipal –, evoluiu 11 posições:
saiu do lastimável 26º lugar – à frente apenas do Piauí – em 2009 para o 15º
lugar em 2011. Pode parecer pouco para o 2º estado mais rico da federação,
entretanto havia uma tendência de continuar caindo até o fundo do poço que os
governos anteriores lhe tinham com afinco cavado. E mais: enquanto a rede
pública no estado melhorou grandemente, a rede particular caiu 4 pontos. Mas,
quem pode, escolhe matricular seu filho onde quer; espero que saibam o que
estão fazendo.
Vamos
lá! A partir do compromisso “Todos pela Educação”, que busca levar o Brasil a
ter índices semelhantes aos países mais desenvolvidos, o MEC estabeleceu METAS
para as escolas e as redes. Na série
histórica das três últimas edições da Prova Brasil, o Ideb alcançado pelas escolas
municipais de Itaperuna, em relação a essas metas, vem tendo um comportamento
ziguezagueante. Procurei destacar nos retângulos pretos com números em branco o
que mais interessa nessa nossa análise.
Quanto
ao Ensino Fundamental das séries iniciais, vínhamos num crescente de 2007 a
2009 (de 5 escolas batendo meta para 9 escolas). Mas, desgraçadamente, em 2011
apenas três continuaram alcançando suas metas – uma queda de 66%. E o pior: a
maioria voltando a patamares inferiores aos atingidos em 2007 e mesmo em 2005,
como o leitor que acessar o sítio do Inep irá tristemente verificar.
No
Ensino Fundamental II – que prepara nossos adolescentes para ingressarem, por
exemplo, no ensino profissionalizante – crescemos ZERO em desempenho. As duas maiores
escolas do município – EM Francisco de Mattos Ligiéro e EM Nossa Senhora das
Graças – pioraram grandemente. Não podemos creditar esse ônus aos professores,
pois são praticamente os mesmo que conseguiram fazer os alunos aprenderem mais
de 2007 a 2009. Há que se perguntar, então: o que mudou tanto nas gestões
escolares e na condução da política educacional em nosso município? o quanto
isso está ligado a nossas escolhas?
Nesse
ponto vou aproveitar o espaço que resta para fazer uma reflexão política,
contudo apartidária. Tenho saudado com entusiasmo uma importante mudança de
paradigma na política nacional e na gestão das políticas públicas. Pra ficar
somente no campo da educação, temos visto secretários estaduais e municipais
que não são professores ou o são, mas também graduados em economia. Olhemos,
por exemplo, para o Ministério da Educação ou para a Secretaria de Estado da
Educação. Os titulares são economistas. E vêm tendo sucesso gerindo sistemas
educacionais.
Vamos
escolher no início do próximo mês os gestores municipais e os legisladores para
a Câmara. Dizem que as eleições ou as campanhas eleitorais estão mornas. De
duas uma: ou o povo está refletindo com ponderação suas escolhas, ou a
população não está querendo saber de “política” e nem pensar no assunto. Na
primeira hipótese, é muito ruim pros candidatos; na segunda, para nós mesmos.
Acho que não temos o direito de votar em quem nos der na telha... é a cidade
que está em jogo, é o bem comum, é a melhoria ou a piora na educação nos nossos
sobrinhos, filhos, netos...
Continuo
achando que nossa cidade – e todas as outras - não precisa de vereadores. Mas,
não iremos fazer uma revolução dessas agora. Então, já que temos de escolher,
que saibamos quem estamos escolhendo.
Pergunte
ao candidato a vereador que lhe pedir votos pelo menos o seguinte: a meta do
Ideb para 2013 no EF I de Itaperuna é 5,7, mas em 2011 caímos e o realizado foi
5,0. No EF II a meta é 5,4, entretanto, em 2011, patinamos em 4,2. O que a Câmara
de Itaperuna poderá fazer para melhorar isso? Se achar essas perguntas muito
difíceis de serem respondidas, não desista. _Quais são as funções do vereador?
Essa é batata. Se ele responder algo que não
seja legislar – no âmbito da
constituição, pois há vereadores que se acham no direito de fazer ou modificar
leis da competência de Estados e União -, fiscalizar,
assessorar o Executivo, organizar e dirigir os serviços da Câmara
e somente dela, elimine este. Você pode dar uma ajudazinha básica: Peça que ele
fale de sua plataforma, de tudo que pretende fazer desde que não haja entre
seus projetos algum que venha a AUMENTAR as despesas do município, nem DIMINUR
suas receitas, pois isso é INCONSTITUCIONAL.
Cansou?!
Se não existe em nossa cidade candidatos que possam responder satisfatoriamente
a essas perguntinhas singelas, então conclua comigo: não há em quem possamos
votar para vereador, pois somos daqueles que sabem o que estão fazendo. De toda
sorte, o comparecimento às eleições e o voto são
obrigatórios. O voto em branco, o voto nulo...
Publicado na Estilo OFF - setembro/2012
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