No futuro, quando relatarmos como os candidatos a cargo eletivo “pediam”
o nosso voto coercitivamente – sim, porque o voto era obrigatório! – gritando,
durante o chamado período eleitoral, seu nome e número ao som de um jingle mal enjambrado de rimas previsíveis
e com autorização da justiça eleitoral para nos amolar diuturnamente, todos os
dias, não acreditarão. Esse é um resumo do que foi mais uma campanha eleitoral
local, apesar de que eu ouvira uma musiquinha que pedia a Itaperuna e região
que votasse num determinado candidato a prefeito. Aliás, nem vou comentar as
peças de marketing dos candidatos,
pois eles vêm se superando nos equívocos e no mau gosto ano a ano. Falta
criatividade e sobra mesmice.
Num quesito essas eleições apresentaram inovação e quebra da tradição.
Os candidatos desta feita esconderam seus padrinhos políticos da planície à
colina. E por mais que entre as candidaturas que polarizaram se tenha buscado
colar uns nos outros a imagem dos respectivos caciques, não colou. Teve
candidatura gravando em Brasília vídeo apelativo: investimento inútil.
Dei-me ao luxo de ler “Proposta de Governo” (http://prefeito2016.com/candidatos-a-prefeito-2016/itaperuna-rj/) – feita para que ninguém leia; se ler, não entenda; se entender, faça
cara de paisagem. O plano de governo é requisito para o registro da
candidatura, mas não há previsão legal sobre o não cumprimento dessas promessas
escritas pelas candidaturas a prefeito e vice. Teriam o condão de gerar, ao
menos, uma pena moral. Mas quem está preocupado com isso?!
Biri-biribá, paremos de brincar! É hora de descer do palanque. A campanha
acabou; o prefeito eleito já pode jogar fora sua Proposta de Governo e adotar
um projeto real e possível que está mais ou menos desenhado no plano apresentado
pelo candidato da REDE Theigo Ladeira. Ou continuar fingindo que fará política
pública: formando, ao velho jeito, a maioria na câmara de vereadores; maquiando
programas federais e estaduais mal implementados no município; lidando com o
orçamento como se fosse uma peleja; fazendo um favorzinho aqui, ali, acolá e
alhures; cumprindo compromissos com os financiadores e apoiadores da
candidatura (o tal do clientelismo); vingando-se de uns opositores; e cuidando
de não quebrar o establishment a fim de manter a ordem social. Isto é:
renovando tudo; a fim de que nada mude e nem deixe de ser o que sempre foi.

Fiz um estudo muito breve da situação das escolas municipais de
Itaperuna. Acredito que a SEMED também tenha se debruçado sobre os resultados.
Quero apenas colaborar com mais um olhar.
Nossos aluninhos dos ANOS INICIAIS têm respondido bem aos esforços de
professores e gestores. Das 15 unidades escolares que fizeram a Prova Brasil,
100% melhoraram ou mantiveram os resultados. Aliás, 1/4 das escolas bateram a meta: EM CIEP BRIZOLÃO
467 HENRIETT AMADO; EM CÓRREGO DA CHICA; EM OSCAR JERÔNIMO DA SILVA e EM SÍTIO
SÃO BENEDITO.
Já nos ANOS FINAIS a situação é de atenção. Das 6 escolas cujos 9º anos
fizeram a Prova, apenas 50% melhoraram os resultados e 1/3 atingiram a meta.
Parabéns! EM ÁGUAS CLARAS e EM CIEP BRIZOLÃO 467 HENRIETT AMADO que, diga-se,
sempre alcançaram os objetivos deste nível de ensino.
O espaço está acabando, mas preciso dizer ainda mais duas coisas:
1- Quanto aos ANOS FINAIS deste Ideb: as escolas da rede estadual de
Itaperuna atingiram a meta de 5,0. Mas as municipais, que tinham meta de
5,7, somente chegaram até 4,8; e
2- Chama atenção a taxa de sucesso das escolas que funcionam com apenas um
ciclo de ensino. Todas as que oferecem apenas os ANOS INICIAIS melhoraram.
Algumas pesquisam apontam que as escolas de segmento único têm
rendimento até 22% superior às demais. Além disso, países de referência em
educação como Coreia do Sul, Cingapura, Alemanha e Inglaterra adotam o modelo
de unidades com ciclo único. Aqui no Brasil todos sabem que as escolas com duas
ou três etapas e turnos têm apenas o significado de gastar menos em
infraestrutura, equipamento e gestão. Já que os candidatos a prefeito falaram
durante a campanha em educação de período integral, o que se elegeu poderia
começar por especializar as escolas e profissionalizar sua gestão por segmento.
Não é nada não é nada, é um bom começo; mostra que de fato a intenção é mudar
para melhor.
PUBLICADO NA OFF-OUTUBRO/2016