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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Começar de novo e contar comigo


O ano que começará depois do carnaval promete muitas emoções. Além do mais, teremos os XXXI Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro – as primeiras olimpíadas na América do Sul. Por conta disso, o período letivo iniciado em 1 de fevereiro, com promessa de terminar em 23 de dezembro (200 dias), terá um intervalo, em agosto, de 28 dias, coisa que não acontecia desde os meus tempos de criança.
A oposição promete continuar tentando o impedimento da presidenta Dilma até o último dia, ou fazendo-a sangrar até lá, conforme desejo do senador Aloysio – candidato a vice na chapa derrotada de Aécio Neves.
Do lado do governo, a ordem é enfrentar os percalços da crise econômica mundial dando respostas contundentes ao mau momento político por que passa o Brasil. E é nessa parte, creio, onde moram as maiores emoções do ano, pois pelo menos dois assuntos da pauta econômica dominarão os debates e bate bocas da nação: a volta da CPMF (rebatizada CSS – contribuição social para a saúde) e a reforma da previdência social. Com as contas que não fecham, há uma tendência entre os governadores de apoiarem o aumento de arrecadação. Ainda assim, muito se discutirá se a contribuição será destinada somente à saúde ou também socorrerá a previdência, a outra grande conta que não fecha ano após ano.
No Brasil mais colado na gente é carnaval.
Chama atenção o alto número de prefeituras que propagandearam o cancelamento da folia momesca em favor da contenção de despesa. Aliás, já diziam terem preterido a queima de fogos nos festejos da virada do ano a fim de economizar uns trocados. Inauguraram-se uma consciência ecológica e um inusitado “respeito aos animais”, que ficam muito assustados com o barulho dos fogos, de causar inveja aos primeiros mundistas.
Os administradores municipais encontram eco, e nadam de braçada, em discursos populares como os que tenho visto nas redes sociais contra o “dinheiro queimado” com os shows musicopirotécnicos, contra o "dinheiro jogado fora” com a realização das olimpíadas do Rio, contra o “absurdo do gasto com o carnaval”.
Eu não aguento só ficar olhando tanto movimento contra, tenho que dizer alguma coisa.
Há que se duvidar, na maioria absoluta dos casos, de que a grana economizada na renúncia aos festejos, imposta à população, tenha sido aplicada na saúde, como os prefeitos, ou seus porta-vozes, gostam de dizer a fim de parecerem grandes administradores. Às vezes tão grandes quanto a falácia e a desfaçatez.
Aqui em Itaperuna, não se tem problema algum com isso. O prefeito não poderá dizer que cortou despesa com fogos, com shows, ou com folia pois a atual administração nunca investiu nisso. O que não significa que haja dinheiro para aplicar em saúde e educação. Em nosso município parece haver numerário tão somente para pagar o serviço de limpeza que, mesmo assim, fica a desejar em muitos logradouros.
E aí, a última grande comoção do ano: teremos eleição municipal!

Em termos de escolhas, os itaperunenses não têm se saído bem faz tempo. Ainda assim, eleições são sempre uma oportunidade de se discutir a cidade que queremos. Apesar de que os candidatos apresentados aos eleitores não tenham sido grande coisa, sempre criamos espaço para o debate de ideias e soluções.

Tenho alguns palpites sobre evolução da política e da gestão local que gosto de compartilhar. Penso que as câmaras de vereadores deverão se transformar muito, se quiserem continuar existindo (Por mim já poderiam ser fechadas. Isso sim é economia de verdade!). A sociedade, mesmo não parecendo, evolui em nível de exigência. O administrador público, cada vez mais, terá de fazer mais com menos. A sustentabilidade deverá sair do discurso e ir definitivamente para a realidade de todas as cidades e cidadãos (o combate ao aedes aegypti tem a chance de ser emblemático nessa transformação). E os agrupamentos de interesse exercerão papel sempre mais importante sobre o destino da cidade. Pra ficar somente em um exemplo, chamo a atenção para o pessoal do pedal, grupo crescente de ciclistas que se reúne para pedalar, se divertir, cuidar da saúde, conhecer o entorno, fazer amigos e o bem. Se não permitirem políticos espertalhões na garupa, irão longe!

Publicado na OFF - fevereiro/2016